COP30 sob suspeita: governo pagará até 611% a mais por galões de água em Belém, e gasto pode ultrapassar R$ 1 milhão
Foto: divulgação
A organização da COP30, prevista para acontecer em Belém (PA) em 2025, já levanta polêmicas antes mesmo de seu início. Um levantamento com base no Painel de Preços do governo federal aponta que o governo Lula autorizou a compra de galões de água de 20 litros por valores até 611% superiores aos praticados por outros órgãos públicos — uma diferença que pode representar um gasto extra de quase R$ 900 mil apenas nesse item.
No total, serão desembolsados cerca de R$ 1 milhão para adquirir 51 mil galões de água, com parte comprada por R$ 30,22 a unidade (para a chamada “Zona Verde”) e outra por R$ 18,27 (na “Zona Azul”). Em contraste, o Senado Federal comprou recentemente 60 mil galões — uma quantidade até superior — por R$ 4,25 a unidade. Outros órgãos públicos, como a Justiça Federal em Pernambuco (R$ 3,80), a Universidade Federal do Acre (R$ 4,95) e o Comando da Marinha (R$ 3,89), também pagaram valores significativamente menores.
A explicação apresentada pela Secretaria Extraordinária da COP30, vinculada à Casa Civil, é de que os custos foram calculados com base na realidade local de Belém. No entanto, o argumento não se sustenta diante de preços praticados em outras cidades da Região Norte. Inicialmente, os preços orçados para os galões chegavam a R$ 60,44, o que foi parcialmente corrigido após licitação, mas ainda ficou muito acima dos preços de mercado.
Por trás da operação está a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OIE), contratada sem licitação por meio de um convênio de R$ 480 milhões. A entidade é responsável por executar parte da estrutura do evento e recebe 5% do total em forma de taxa de administração, o que equivale a R$ 24 milhões.
O edital da COP30 prevê o uso intensivo da água mineral: 2,5 mil galões diários em um pavilhão e 950 em outro, somando mais de 51 mil galões em apenas 15 dias de conferência. Além disso, o preço de outros itens também chama atenção. Um exemplo é o das garrafinhas de água de 500 ml, inicialmente cotadas em R$ 17,50 cada.
A revelação dos valores tem gerado críticas sobre a transparência e eficiência nos gastos públicos, especialmente em um evento que, ironicamente, pretende promover práticas sustentáveis e responsabilidade socioambiental em escala global. A COP30, considerada estratégica para o Brasil na agenda climática internacional, agora também carrega o desafio de justificar seus custos — e a forma como está sendo organizada. fonte: IB