Delegado exonerado é acusado de ordenar execução de informante após apreensão de arsenal em Lauro de Freitas
Delegado foi exonerado em março deste ano Crédito: Reprodução
O delegado Nilton Tormes, afastado do cargo em 2024 sob suspeita de envolvimento no desvio de fuzis e na execução de duas pessoas durante uma operação policial, agora é acusado de ter ordenado a morte de um informante. A vítima, Joseval Santos Souza, teria indicado aos policiais o local onde estavam armas de grosso calibre apreendidas no bairro do Caji, em Lauro de Freitas.
Segundo informações da TV Bahia, o delegado Adailton Adam, responsável pela investigação da morte de Joseval, ouviu em depoimento do soldado da PM Ernesto Nilton Nery Souza que, durante a ação, Tormes teria dado a ordem “dê o destino” quando questionado sobre o que fazer com o informante. O corpo de Joseval foi encontrado três dias depois, em 14 de julho, em Cajazeiras de Abrantes.
O enteado de Joseval, Jeferson Sacramento Santos, que também havia sido detido na ocasião, foi assassinado antes, no dia 12 de julho, em Águas Claras. No dia da operação, 11 de julho, familiares das vítimas receberam um telefonema exigindo R$ 30 mil para libertá-los.
O soldado Nery confessou ter participado das execuções e admitiu ter usado o cartão de crédito de Jeferson em uma banca de caldo de cana — detalhe que ajudou a conectar o crime à operação e ao suposto desvio de parte do arsenal apreendido. Ele também admitiu ter ficado com uma das armas encontradas, sem registrá-la.
De acordo com Adam, o delegado Tormes e o capitão da PM Roque de Jesus Dórea — também investigado — chegaram a procurá-lo para tentar encerrar as apurações. Além deles, o ex-PM Jorge Adisson Santos da Cruz, expulso da corporação em 2015, foi denunciado junto com Nery e Dórea pelo Ministério Público pelo desvio das armas.
As investigações apontam que, embora seis fuzis tenham sido oficialmente apresentados como resultado da operação, o local guardava pelo menos 20 armas do tipo, o que indica que 14 teriam sido desviadas. A ação, realizada pela Coordenação de Recursos Especiais (Core), exigiu que os agentes atravessassem uma área de mata sob chuva para chegar até um tonel onde estavam armazenados fuzis, munições e drogas. O porta-malas da viatura do Core foi usado para transportar o material, mas nenhum integrante da equipe soube precisar a quantidade exata de armamento apreendido.
A defesa do delegado Nilton Tormes não foi localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação. fonte: Correio 24h