Regulamentação do cânhamo pode render bilhões e abrir novo mercado ao Brasil
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O Governo Federal projeta um impacto econômico expressivo com a regulamentação da cadeia produtiva da Cannabis sativa para uso industrial. Segundo estudo divulgado nesta quinta-feira (11) pela Embrapa e pelo Instituto Ficus, a liberação oficial do cultivo de cânhamo no país deve ocorrer em outubro e poderá gerar receita superior a R$ 5,76 bilhões até 2030. Além do retorno financeiro, a medida tem potencial de criar mais de 14 mil empregos, reduzir a dependência de importações e impulsionar exportações.
Atualmente, quase todo o cânhamo utilizado no Brasil é importado, inclusive em segmentos ligados à cannabis medicinal — setor que deve movimentar cerca de R$ 1 bilhão até 2025. Com a produção nacional, os custos tendem a cair, beneficiando desde a indústria farmacêutica até aplicações em têxteis, alimentos e cosméticos.
De acordo com o relatório “Caminhos Regulatórios para o Cânhamo no Brasil”, elaborado com apoio do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável (CDESS), o cânhamo industrial pode alcançar resultados financeiros superiores a culturas tradicionais como soja, milho, algodão e girassol. O economista Rafael Giovanelli, do Instituto Escolhas, destacou que a produção doméstica pode ampliar a competitividade brasileira: “Além de baratear tratamentos médicos, a regulamentação abrirá espaço para excedentes exportáveis”, afirmou.
O cenário internacional reforça a oportunidade: em 2023, o mercado global de derivados de cânhamo movimentou entre US$ 5 e US$ 7 bilhões, com projeção de crescimento anual de 16% a 25% até 2033. Nesse contexto, o Brasil busca se posicionar como player relevante ao adotar um modelo regulatório semelhante ao de países como Estados Unidos, Canadá e nações da União Europeia, que distinguem cânhamo industrial da cannabis psicoativa. A proposta brasileira seguirá a linha do Paraguai, que define como cânhamo as plantas com menos de 0,5% de THC, principal substância psicoativa da cannabis.
Se confirmada em outubro, a regulamentação representará um marco para a agricultura e para a economia nacional, abrindo novas frentes de negócios sustentáveis e inserindo o Brasil em uma cadeia global em plena expansão. fonte: IB