Pepe Mujica morre aos 89 anos: ex-presidente do Uruguai deixa legado de luta, simplicidade e amor ao povo

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José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, faleceu nesta terça-feira (13/5), aos 89 anos, em decorrência de um câncer de esôfago. A morte foi confirmada por Yamandú Orsi, atual presidente do país e aliado político. “É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, referência e líder. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu e pelo seu profundo amor pelo povo”, escreveu Orsi.

Mujica presidiu o Uruguai entre 2010 e 2015, após uma trajetória marcada por militância política, enfrentamento à ditadura (1973–1985) e longos períodos na prisão — incluindo quatro detenções e um episódio em que foi baleado seis vezes.

Nascido em Montevidéu em 20 de maio de 1935, filho de um pequeno agricultor e de uma descendente de imigrantes italianos, Mujica iniciou um curso de Direito, que não chegou a concluir. Ainda jovem, engajou-se na política pelo Partido Nacional, do qual se desligou em 1962 para fundar a Unión Popular. Posteriormente, integrou o grupo Tupamaros, que lutou contra o regime militar.

Em janeiro de 2025, Mujica anunciou que o câncer detectado em abril de 2024 havia avançado. Na ocasião, disse estar cansado e que não se submeteria a tratamentos agressivos. “Meu ciclo já terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso”, declarou ao jornal Búsqueda.

Durante seu governo, promoveu pautas progressistas, como a legalização da maconha, a descriminalização do aborto e a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também teve conquistas importantes na redução da pobreza e do desemprego, com investimentos em educação, meio ambiente e energia.

Conhecido por seu estilo de vida austero, Mujica dispensava formalidades e privilégios. Sua trajetória inspirou o documentário El Pepe, Uma Vida Suprema, dirigido por Emir Kusturica, premiado no Festival de Veneza. Seu pensamento também está registrado em livros como Palavras para depois, Uma ovelha negra no poder e Pepe Mujica: simplesmente humano.

Referência ética e política na América Latina, especialmente entre lideranças de esquerda, Mujica defendia a democracia, criticava o consumismo e sempre valorizou a essência humana. “Ocupamos o templo com o deus mercado que nos financia em parcelas e cartões a aparência de felicidade”, dizia. fonte: Metrópoles