Política

Haddad critica EUA por “solução constitucionalmente impossível” em negociação comercial

Jose Cruz/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (18) que as negociações entre Brasil e Estados Unidos para suspender a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras estão em um impasse. Segundo o ministro, os EUA insistem em uma solução que o Brasil não pode aceitar, pois seria inconstitucional.


Impasse diplomático e acusações

Haddad explicou que os norte-americanos exigem uma interferência do Poder Executivo em questões que cabem ao Judiciário, algo proibido pela Constituição brasileira. “É pedir o que não pode ser entregue”, declarou o ministro, que também lamentou a falta de entendimento dos EUA sobre a realidade política e jurídica do Brasil.

O ministro também acusou a extrema-direita brasileira de atuar para sabotar as negociações. Ele citou o cancelamento de uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que teria sido influenciado por interlocutores políticos brasileiros. O ministro mencionou que Bessent apareceu em um evento com um “concorrente” do governo brasileiro, em uma suposta referência ao deputado federal Eduardo Bolsonaro. Haddad classificou a atitude como uma “deslealdade”.


Impacto no comércio e plano de contingência

A crise diplomática já tem reflexos no comércio bilateral, que, de acordo com Haddad, já representa apenas metade do volume dos anos 80. A tendência, segundo ele, é que o comércio continue a diminuir, impactando negativamente a economia dos dois países.

Diante do cenário, o governo brasileiro trabalha em um plano de contingência para apoiar os setores afetados pela tarifa. O plano prevê R$ 30 bilhões em crédito, que serão liberados por meio de uma Medida Provisória (MP). A medida, chamada de “MP Brasil Soberano”, tem como objetivo proteger o setor produtivo nacional.

Haddad também analisou a imposição de novas tarifas como uma mudança na estratégia de globalização dos EUA. Segundo ele, os norte-americanos venderam a ideia de um mercado global, mas, ao verem o crescimento da China, decidiram “mudar as regras do jogo” para proteger seus próprios interesses. Fonte: IB