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Megaoperação desmantela esquema bilionário do PCC no setor de combustíveis

Posto de gasolina e padaria apontados como empresas de fachada Crédito: Reprodução/G1 Campinas/Redes sociais

Uma investigação de grande porte revelou um esquema de fraudes que movimentava bilhões de reais no setor de combustíveis, sob o comando do Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação, batizada de Carbono Oculto, foi deflagrada na última quinta-feira (28) pelo Gaeco, do Ministério Público de São Paulo, em parceria com a Receita Federal, e atingiu cerca de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas.

De acordo com os investigadores, a organização criminosa estruturou uma complexa rede de empresas para ocultar recursos ilícitos e controlar uma fatia expressiva do mercado. O grupo operava mais de 1,2 mil postos de gasolina, além de usinas de etanol, distribuidoras, transportadoras, fintechs e até fundos de investimento localizados na Faria Lima, em São Paulo.

O empresário Mohamad Hussein Mourad, apontado como o “cérebro” do esquema, teria iniciado a operação ilegal a partir do Porto de Paranaguá (PR), com a importação clandestina de substâncias químicas como metanol e nafta. Esses insumos eram desviados de indústrias químicas e usados para adulterar combustíveis. Especialistas alertam que o metanol, além de gerar ganhos ilícitos, traz riscos graves à saúde, podendo causar cegueira e falência de órgãos.

Para consolidar o esquema, a quadrilha comprou usinas endividadas no interior paulista, chegando a pagar valores até 43% acima do mercado, como forma de injetar dinheiro no sistema de lavagem. Entre 2019 e 2021, empresas ligadas ao grupo saltaram de faturamento nulo para quase R$ 800 milhões. Parte dos recursos foi direcionada a aliados, como Rafael Renard Gineste, preso em Santa Catarina quando tentava escapar de lancha.

O transporte dos combustíveis adulterados era feito pela G8 Log, companhia sob influência de Mourad, que também usava padarias e postos de combustíveis como fachada. Decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo já identificaram 19 postos ligados ao grupo, sendo sete em Goiás, administrados por Armando Hussein Ali Mourad, irmão de Mohamad.

Além disso, padarias de luxo em bairros nobres da capital paulista, como as redes Salamanca e Iracema, eram utilizadas para dissimular os lucros. As empresas tinham sócios ocultos e “laranjas” para confundir a fiscalização. Apesar da operação, muitos desses estabelecimentos continuam abertos e até fizeram publicações recentes em redes sociais.

Outro desdobramento ocorreu na Bahia: 22 carretas das empresas G8 Log e Moskal, ligadas ao esquema, foram encontradas em um posto de Camaçari na sexta-feira (29). Apesar de estarem carregadas de combustível e com motoristas, os veículos tiveram os bens sequestrados judicialmente, o que impede a circulação normal até novas decisões da Justiça.

As autoridades ressaltam que a operação ainda está em andamento e que o objetivo é descapitalizar o PCC, atingindo não apenas suas atividades criminosas tradicionais, mas também a rede empresarial usada para lavar bilhões de reais provenientes do crime organizado. fonte: Correio 24h