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O Fantasma do “Carvão Molhado”

Foto: CarlosAmilton/AgênciaALBA

O clima de tensão na política baiana não se resume apenas à definição da chapa majoritária para 2026. Nos bastidores do Partido dos Trabalhadores (PT) e seus aliados, o que realmente tira o sono é a sombra das eleições proporcionais, ou seja, a disputa por vagas de deputados estaduais, federais e senadores.

O grande medo do grupo governista é que o resultado desfavorável nas grandes cidades em 2024 se repita nas urnas de 2026, funcionando como um “carvão molhado”— uma analogia ao esforço inútil de tentar acender algo que não vai pegar fogo.

Embora o pleito estadual de 2022 tenha mostrado um equilíbrio entre direita/centro-direita e esquerda/centro na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o cenário nas grandes cidades baianas mudou drasticamente em 2024. O eleitor dos centros urbanos demonstrou uma clara preferência por prefeitos ligados à oposição, resultando em:

Rejeição nos Bairros: Relatos de candidatos da base em Salvador apontam para uma “pergunta direta” do eleitor: “Você tá com Bruno [Reis]? Se não tiver, pode seguir viagem.”

“Avalanche” na Capital: Em Salvador, a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) fez apenas 9 vereadores. O prefeito Bruno Reis (União Brasil) varreu a eleição, elegendo 34 dos 43 vereadores da capital. O PT, por sua vez, só garantiu uma vaga com Marta Rodrigues, em parte pelo peso político de ser irmã do governador.

Parlamentares da base, em conversas reservadas, já admitem a dificuldade de reverter esse sentimento. O medo é que a rejeição expressa nas urnas municipais se traduza em um “efeito cascata” na eleição estadual. O movimento de deputados como Nelson Leal e Cafu Barreto, que deixaram a base governista mesmo com a suposta facilidade de acesso a recursos, é visto como um sinal de que o recado das ruas de 2024 é mais forte do que a política tradicional de barganha.

A grande pergunta que paira sobre a classe política governista é: a eleição estadual de 2026 vai repetir o efeito oposicionista visto nas eleições municipais dos grandes centros? O fantasma da “avalanche” eleitoral da oposição segue tirando o sono dos aliados do PT. Fonte: IB