Bahia tem 4º maior índice de fome do país, aponta IBGE
Foto: Divulgação/Prefeitura de Goiânia
A Bahia permanece entre os estados com maior número de famílias em situação de fome no Brasil, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento integra o módulo de Segurança Alimentar da PNAD Contínua 2024 e revela que 37,8% dos domicílios baianos enfrentam algum grau de insegurança alimentar, posicionando o estado na quarta colocação entre os piores índices do país.
Apesar de uma leve melhora no cenário nacional em relação a 2023, o número de lares afetados pela fome ainda é alarmante. Mais de 18,9 milhões de domicílios brasileiros, o equivalente a um em cada quatro, têm dificuldade de acesso regular a alimentos adequados.
📍 Nordeste lidera índices
A crise alimentar atinge principalmente as regiões Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%), que superam a média nacional. Somente no Nordeste, 7,2 milhões de famílias vivem com algum nível de insegurança alimentar — número maior que o registrado no Sudeste (6,6 milhões). Além da Bahia, os estados com piores indicadores são Pará (44,6%), Roraima (43,6%) e Amazonas (38,9%).
Em contrapartida, Santa Catarina (9,4%), Espírito Santo (13,5%) e Rio Grande do Sul (14,8%) apresentam os menores percentuais de domicílios em situação de fome no país.
🍽️ Entenda os níveis de insegurança alimentar
O IBGE classifica os domicílios em quatro categorias:
- Segurança alimentar: acesso pleno a alimentos em quantidade e qualidade adequadas.
- Insegurança leve: preocupação com a possibilidade de faltar comida.
- Insegurança moderada: redução na quantidade de alimentos entre adultos.
- Insegurança grave: restrição alimentar também entre crianças, caracterizando fome.
Em 2024, houve queda em todos os níveis no país: leve (de 18,2% para 16,4%), moderada (de 5,3% para 4,5%) e grave (de 4,1% para 3,2%). Mesmo assim, 2,5 milhões de famílias brasileiras vivem em situação de fome severa.
🌾 Zona rural é a mais impactada
A pesquisa também mostra que a insegurança alimentar é mais intensa nas áreas rurais (31,3%) do que nas zonas urbanas (23,2%). No nível mais grave, 4,6% dos lares rurais enfrentam fome, contra 3,0% dos urbanos.
Segundo a analista Maria Lucia Vieira, “esses dados vão um pouco contra a intuição de que, na zona rural, as pessoas produzem o que consomem. Muitas dessas famílias têm renda per capita mais baixa e maior número de crianças, fatores que aumentam a vulnerabilidade alimentar”.
📊 Melhora nacional ainda insuficiente
De 2023 para 2024, o país registrou redução na proporção de lares com insegurança alimentar, passando de 27,6% para 24,2%. Contudo, o cenário ainda é preocupante: um em cada quatro lares brasileiros continua enfrentando dificuldades para garantir alimentação adequada, evidenciando que a fome permanece como um desafio estrutural e persistente no Brasil. fonte: IB